A tarde está quente. O abrir da
porta solta a frescura da adega, um odor leve a vinho também. Cascas de queijo
e couratos de presunto sobre a mesa denunciam que ainda há pouco houve vida
aqui dentro. Um copo logo ali ao pé, agarrado pelas mãos firmes de quem
trabalha a vinha, recebe o vinho que a torneira da pipa chora. Abre, jorra,
fecha. O copo está cheio. Destapa-se o queijo, o cheiro convida à prova e o
paladar à bebida. É uma adega à antiga sim senhor, mas o vinho novo merece
todas as mordomias da prova que os vinhos mais caros do mundo. Aliás, merece
mais porque quem o oferece foi quem trabalhou a vinha, quem vindimou as uvas,
quem as pisou. Todos os sentidos são postos à prova quando o copo pousa nos
lábios e o líquido banha a boca. É vinho bom, das vinhas das aldeias
portuguesas, das adegas do nosso Portugal rural.
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