sábado, 21 de dezembro de 2024

Damião Lopes de Almeida - Uma Vida de Glória e Aventura

(Damião Lopes de Almeida - 1859)

Damião Lopes de Almeida foi um destacado explorador e professor universitário português, cuja carreira e contributos marcaram de forma significativa a história das ciências e da educação em Portugal. Nascido em 1812 em Viseu, era filho único de Alberto Manuel Noronha de Almeida, natural de Viseu e de Amélia Andrade Lopes, natural de Dornelas (Aguiar da Beira). A sua vida foi marcada pela dedicação à exploração científica, ao ensino e ao desenvolvimento do conhecimento geográfico e natural.

Nasceu em Viseu e lá fez os estudos necessários entre Escola e Seminário até entrar no curso de História e Ciências Geográficas na Universidade de Coimbra, onde mais tarde se tornou ele professor do mesmo curso, que alternava com as suas jornadas exploratórias em diversas partes do mundo. A sua infância e adolescência foi passada entre a cidade de Viseu e a aldeia dos seus avós maternos, Dornelas, concelho de Aguiar da Beira. Nesta aldeia desenvolveu o gosto pela aventura e aguçou a curiosidade pelas coisas naturais, embrenhando-se frequentemente pelos campos e pelas serras, sendo este o mote para o seu futuro como historiador explorador.

Como explorador, Damião Lopes de Almeida teve um papel relevante nas expedições científicas que contribuíram para o entendimento das geografias e das culturas em diferentes partes do mundo. A sua curiosidade e coragem levaram-no a participar em várias expedições, tendo ele próprio documentado a sua experiência em diversos relatos e obras que enriqueceram a bibliografia sobre o colonialismo e a história natural de várias regiões.

(Expedição científica na Floresta Amazónica, Brasil - 1851)

Além da sua atividade como explorador, Damião Lopes de Almeida foi também um professor comprometido com a disseminação do saber. Lecionou na Universidade de Coimbra, onde se destacou pela sua paixão pelo ensino e pela sua abordagem inovadora, que combinava a teoria com a prática. A sua experiência como explorador foi uma valiosa fonte de conhecimento que ele partilhou com os seus alunos, inspirando gerações de jovens a seguir carreiras nas áreas da geografia, ciências naturais, arqueologia e outras disciplinas científicas.

(Expedição/descoberta das Grutas de Sudwala, África do Sul - 1856)

Quis o destino que a aldeia onde teve uma infância feliz e foi a inspiração para o que se tornaria, fosse também o palco do seu misterioso desaparecimento. Já sem os avós vivos, manteve a casa de pedra habitável para mesmo como adulto, fazer algumas visitas mais prolongadas e até reunir amigos ou colegas em convívios ou reuniões de trabalho. Com frequência ouviu os avós a contarem a Lenda das Casinhas d'El Rei. Diz-nos esta lenda que os lusitanos, inclusive Viriato, o seu líder, habitaram as serras de Dornelas e transformaram um enorme aglomerado de penedos gigantes numa gruta em que habitavam, se protegiam e guardavam os seus valores, mas nunca ninguém conseguiu encontrar a entrada. Sendo Damião natural daquela que é clamada como terra de Viriato, Viseu, decidiu dar uma hipótese a esta lenda na esperança de fazer algum achado importante. Numa das suas visitas à aldeia na primavera de 1961 decidiu fazer-se ao caminho até a estas rochas monumentais para nunca mais aparecer. Foi avistado pela última vez por agricultores que cultivavam os lameiros adjacentes ao Rio Dão e por pastores que pastoreavam na serra que sobe para as Casinhas d'El Rei. Damião Lopes de Almeida, desaparecido aos 49 anos, não casou nem deixou descendência. Pelo que hoje não tem qualquer família direta, o que contribuiu para o seu esquecimento.

(Imagem meramente sugestiva do dia do seu desaparecimento - 1861)

Foi um filantropo, homem de grande erudição e de uma visão vasta sobre a importância da educação para o progresso social e científico. O seu legado perdura na contribuição para o desenvolvimento da educação e da ciência em Portugal.

A sua vida e obra são um exemplo de dedicação à investigação, ao ensino e à busca constante por novos horizontes, não apenas físicos, mas também intelectuais. Ao recordar Damião Lopes de Almeida, estamos a celebrar a importância da exploração do mundo, da educação de qualidade e da paixão pelo conhecimento.

Fonte: Biblioteca da Universidade de Coimbra

terça-feira, 23 de maio de 2023

A Criança, a Aldeia e o Mundo...

Ao ser criança na aldeia, ele tem mais mundo do que em outro qualquer lugar do mundo, especialmente na cidade. Pode ser difícil percecionar isso no olhar já desvirtuado do adulto, mas é facílimo percebe-lo através do coração puro de uma criança e nota-lo no seu sorriso genuíno. O adulto precisa da cidade para ter trabalho, que ao mesmo tempo é a sua prisão eterna. A criança precisa da aldeia para ter a coisa que a faz mais feliz, a liberdade. Aquela que é impossível ter quando os pais vão já tarde buscar os filhos à escola e pouco mais tempo têm do que para jantar juntos, num galinheiro urbano, depois de várias horas no trânsito, a vida toda. É verdade que agora ele já não tem tantas crianças como tinham os seus pais em crianças. Mas por viver na aldeia, consegue ter mesmo assim mais tempo útil com outras crianças, pois na cidade só teria esse contacto na escola. Ele nem sequer quer saber desse mundo poluído para nada, vai ter tempo para isso um dia, agora só quer ser criança onde uma criança pode ser mais feliz. Jogar à bola na rua, correr pelos caminhos, embrenhar-se nas matas. Estar sempre em contacto com os avós que moram já ali, com os tios que moram além, andar de bicicleta pelos campos, falar com toda a gente e aprender algumas tradições e atividades rurais que ainda se mantêm vivas e promovem o convívio familiar, o convívio social, a transmissão de saberes intergeracionais, a portugalidade, a genuinidade, a humildade. Aqui na aldeia os tempos também avançaram. Há internet como em qualquer outro lado, já não há inexistência de programas culturais, com o evoluir das vias de comunicação as vilas e as cidades ficaram muito mais perto. Mas ainda assim, isso nem revela assim tanta importância quando uma criança só quer ser criança sem o peso daquilo que os adultos acham que uma criança deve queres. Aqui há o mais importante. A segurança, a natureza e a liberdade que o farão conhecer-se a ele próprio ao ritmo da naturalidade da vida. Dirá o coração corrompido do adulto pela ilusão da vida na cidade que ainda assim lhe faltará alguma coisa, quando na verdade, para ser criança que é o que ele é, não lhe falta mesmo nada nem ele sente falta de nada. Falta sim alguma coisa, e não pouca, ao seu semelhante da cidade. O mundo das crianças não é aquele que os adultos querem para elas, é o que elas próprias querem para elas. Só uma criança consegue sentir como uma criança, mesmo que a sua aldeia seja o seu mundo.









segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Do Terramoto à Ruína

A 9 de junho de 1998 tinha lugar na Ilha do Faial (e em todo o grupo central), no arquipélago do Açores, um sismo de magnitude 5,8 na escala de Richter. O sismo deu origem a uma vasta destruição, provocando 9 mortes, mais de uma centena de feridos, vários milhares de desalojados e 1500 casas totalmente destruidas.
Aqui vemos o que resta do Farol da Ponta da Ribeirinha.




sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Carvalho, a árvore mãe

Quem nunca descansou à sombra fresca de um carvalho gigante numa tarde quente de Verão? Essa árvore mítica, bela, imponente e parte fundamental da floresta autóctone portuguesa. Um carvalho é uma árvore do género quercus, de folha caduca e existem aproximadamente 600 espécies existentes desta planta que podem atingir os mil anos de tempo de vida. De uma estética maravilhosa, mais pequenos ou maiores, dão um clima encantado às nossas matas, principalmente quando as folhas encorpam as melancólicas cores de Outono. Passear num carvalhal ou numa floresta com muitos carvalhos, desperta na nossa mente fantasias adormecidas desde crianças. Faz-nos lembrar as fadas da floresta, os duendes que vivem nos seus grossos e rugosos troncos, os animais que vivem felizes numa comunidade cheia de vida. As bolotas são a suas sementes, que com sorte são levadas por pássaros que as enterram e esquecidas por estes, acabam por brotar dando origem a um novo ser.

Fazer parte da floresta autóctone é fazer parte da originalidade e criação de um território. Desta forma, em conjunto com o castanheiro, o medronheiro, o loureiro, o sobreiro, entre outros, fazem com que as florestas estejam mais adaptadas às condições do solo e do clima do território, por isso são mais resistentes a pragas, doenças, longos períodos de seca ou de chuva intensa, em comparação com espécies introduzidas. Ajudam a manter a fertilidade do espaço rural, o equilíbrio biológico das paisagens e a diversidade dos recursos genéticos. Fazendo parte do nosso ecossistema, são importantes lugares de refúgio e reprodução para um grande número de espécies animais autóctones. Exercem um importante papel na regulação e melhoria do clima. Regulam o ciclo hidrológico e a qualidade da água, formam solo e servem ainda de matéria-prima a produtos fundamentais na vida quotidiana. Embora de crescimento mais lento, quando bem desenvolvidas, são normalmente mais resistentes e resilientes aos incêndios florestais.

Sempre que tiver oportunidade, colha bolotas, semeie em pequenos vazos e deixe que cresçam um pouco. Depois o pequeno carvalho está pronto para ser plantado no local que preferir. No seu quintal ou numa floresta perto de si. Com a intensificação das monoculturas destrutivas do ecossistema e ambiente no geral, principalmente o eucalipto, urge que sejamos nós próprios, cidadão comuns, a lutarmos pela nossa natureza.











Informação científica: https://quercus.pt/2021/03/08/o-que-e-uma-floresta-autoctone/

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

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