Passa pouco
das seis da manhã quando rompe o dia e no ninho começa a agitação. Depois de
uma noite calma na segurança das rochas é altura de um dos progenitores esticar
as asas e ir em busca de alimento.
A
Cegonha Branca (ciconia ciconia) passa o Inverno em terras de África
regressando todos os anos na Primavera para a reprodução. O casal mantém-se
unido desde a primeira cúpula até à morte de um deles, podendo ultrapassar os
vinte anos. Enquanto alguns ninhos apresentam três ou quatro ovos em incubação,
outros há que já têm crias para alimentar, crias estas que abandonarão o ninho ao
fim de três meses de vida. Os progenitores vão-se revezando entre as funções do
ninho e as saídas para procurar alimento. Os campos agrícolas em redor dos
ninhos são o local preferencial onde estas aves buscam alimento. Anfíbios,
pequenos répteis e até insectos fazem parte da dieta da cegonha branca, que é a
ave selvagem que melhor convive com a presença humana.
O
Cabo Sardão, na Costa Vicentina, é o único local conhecido no mundo onde as
cegonhas nidificam em rochas. Sem uma explicação científica plausível, muitos
casais construíram os seus ninhos à beira mar, nos topos de maciços rochosos,
protegidos das águas agitadas. Os ninhos são construídos da mesma forma dos que
são construídos em árvores e postes. Pequenos galhos trazidos pelo macho são engenhosamente
entrelaçados pelo casal formando os grandes ninhos redondos que lhes fornecerão
abrigo até à sua partida para África. Não obstante, os ninhos chegam a durar
vários anos, recebendo várias vezes os casais de cegonhas.
Ao
anoitecer, o progenitor que está fora regressa ao ninho onde o casal e as crias
vão passar mais uma noite em segurança, com o som das águas atlânticas a bater
nas rochas lá ao fundo.
Cabo Sardão, Costa Vicentina, Alentejo Abril de 2013
Um post maravilhoso. Bonitas fotos! Uma história de cegonhas incrível! Os meus parabéns.
ResponderEliminarManuel Tomaz
Muito agradecido pelas palavras Manuel. Obrigado
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