terça-feira, 24 de julho de 2012

Olival rural, o segredo da qualidade superior


Há segredos na tradição portuguesa que não são propriamente segredos, mas modos de vida. Já alguma vez teve o privilégio de provar o azeite caseiro que se vai fazendo pelas aldeias do interior beirão e transmontanas. Os supermercados vendem dezenas de tipos de azeites de várias formas de produção, mas o que nunca vai encontrar num supermercado é o azeite oriundo de olivais que na verdade não são olivais. E é aí que reside a grande diferença. Enquanto o azeite para produção e venda ao consumidor tem origem em grandes olivais que são exclusivamente isso mesmo, olivais, o azeite que se faz nas nossas aldeias tem origem em oliveiras que figuram em terrenos agrícolas e de pasto. Em terrenos que são essenciais às atividades de subsistência das famílias e em qual a mão do homem tem um papel fundamental.

Sendo assim, podemos então dizer que o azeite caseiro produzido nas aldeias portuguesas não provem de olivais, mas sim de terrenos polivalentes e multifacetados sazonalmente. Em terrenos onde é semeado milho e centeio. Em terrenos onde figuram pequenas hortas com a mais variada panóplia de legumes e frutos. Em terrenos que quando estão de pouso brotam lindas flores silvestres e servem de pasto para os mais diversos animais de quinta como cabras, ovelhas, vacas e galinhas, que por sua vez contribuem para a fertilização natural dos solos. Em terrenos que são visitados por uma grande variedade de vida selvagem como coelhos, raposas, texugos e repteis. Visitados por uma enorme variedade de passeriformes que nidificam muitas vezes na ramagem das oliveiras como pardais, melros, estorninhos, verdilhões, pintassilgos, poupas e gaios. Em terrenos onde a terra é revolvida sazonalmente pela intervenção humana. Em terrenos que estão na maioria das vezes inseridos no seio das povoações.

Podemos ir então ainda mais longe e dizer que este azeite das aldeias portuguesas é o autêntico azeite biológico. Ouro líquido que corre num fio dourado para os pratos das famílias que colhem o fruto do seu trabalho anual.

(neste artigo não são abordadas questões relacionadas com a vareja, a apanha da azeitona e o fabrico do azeite uma vez que este ciclo será alvo de uma reportagem própria no tempo devido)



































Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...