Portugal Aqui Tão Perto: Animais de Criação

Força motriz, companhia, alimento, guarda. Desde os tempos mais remotos que os animais de criação fazem parte fundamental nas actividades humanas. Outrora colmatavam a falta de máquinas agrícolas, eram o único alimento a que muitos tinham acesso e eram fieis guardadores de gado. Hoje, apesar de vivermos tempos completamente diferentes, a relação entre homem e animal continua a ter uma importância extrema na sociedade. O melhor exemplo disso encontra-se nas aldeias portuguesas onde a vivência entre as partes faz-se notar por uma relação muito maior que uma simples relação dono/animal. Esta relação reveste-se acima de tudo de respeito, de pertença e necessidade mútua, revelando a importância que os animais têm para os donos.

Uma quinta típica possui uma grande variedade de animais e cada um com funções muito diferentes. A segurança da área está reservada ao cão, normalmente de grande porte, bastante fiel aos donos, quase sempre manso mas defensor o seu território quando invadido. O gato é responsável por manter as pragas de roedores longe das colheitas. Exímios caçadores, estes felinos permitem que as batatas, o milho e outros cereais guardados na casa da quinta sejam atacados pelos ratos. As galinhas, pode considerar-se que tenham dupla função. Além da carne que fornecem são excelentes poedeiras. Um galinheiro bem composto chega a fornecer vários ovos por dia, alimento muito versátil na culinária portuguesa. Os seus parentes patos(as), apesar de em menor quantidade, também põem ovos, no entanto o maior prepósito da sua criação é a carne. Os coelhos têm como objectivo servir de fonte de alimento ou para venda. São tradicionalmente criados em coelheiras, pequenas gaiolas de madeira penduradas na parede e é comum ver a coelha com pequenas ninhadas de crias. Outro animal criado com base no seu alimento ou para venda é o porco. Depois de a porca parir vários leitões, alguns são criados e vendidos ainda pequenos enquanto outros ficam na quinta para crescimento, até atingirem o peso ideal para a tradicional matança que junta a família neste ritual. Além da carne fresca, ainda serão feitos os enchidos e colocado um presunto na salgadeira. As vacas são ainda hoje em alguns locais responsáveis por puxar o carro carregado de sacas de batatas acabadas de arrancar, do estrume colhido no mato ou as canas de milho para a desfolhada. São também a força que puxa alfaias agrícolas e fonte produtora de leite. Função idêntica tem o burro, que não tendo a força de um par de vacas, não deixa ficar mal o dono em trabalhos idênticos mas menos pesados, embora faça jus à fama de teimoso. O cavalo ou a égua diferem do burro por terem mais força mas também por serem mais bem-mandados. As ovelhas que formam um rebanho que é todos os dias levado para o pasto fornecem lã uma vez por ano, leite para o fabrico do queijo e parem duas vezes por ano um borrego para ser vendido. Com as cabras é idêntico. Além do saboroso queijo de cabra artesanal feito com o seu leite, os cabritos paridos sazonalmente são uma boa fonte de receita para os donos. É normal ver também as pombas a sobrevoar em grupo a quinta e pousar no telhado da casa. Com um sentido de orientação perfeito, todos os dias saem do pombal de manhã e regressam para alimentar as crias. Há donos de quintas que optam também por ter rolas, aves que se caracterizam pelo seu canto inconfundível.

Depois de termos visitado a quinta e os seus animais, podemos afirmar que à sua maneira cada um contribui para formar um todo. A sua existência faz o agricultor e vice-versa, fazendo das quintas lugares de grande beleza visual e núcleos de uma biodiversidade exemplar.